
Editorial de Fevereiro
“Não me atrevo pôr nenhuma vírgula onde Deus já pôs ponto final”
Quantas vírgulas, quantas arestas, quantas frestas!… Inúmeros capítulos incompletos, histórias inacabadas, versos não rimados… porque o passado já não inspira o presente, muito menos impulsiona o futuro. E assim, o roteiro do viver perde o sentido, a coerência, a fluidez.
É mais que urgente a necessidade de recomeçar. E não há heresia alguma nisso. A vida se impõe, constantemente. E o que torna a bagagem cada vez mais insustentável precisa ser lançado fora, o mais distante possível. Mortos que não sepultamos, despedidas que evitamos, rachaduras que não fechamos, galhos que não podamos, feridas que não curamos. Tudo o que empaca a travessia da alma rumo ao Infinito da leveza.
O poeta diz que o essencial é um eterno acabar e começar; a poeta diz que existir só é possível pra quem se reinventa; o Poeta diz que, havendo um tempo, há o de semear e o de colher. Para esse novo, novas sementes, novo terreno, e a bonança da doçura, que tem um porquê. Respire fundo, e comece novamente. Apure o olhar, dilate o espírito, aponte o lápis. Apenas não insista em dar continuidade àquele ontem que a Ternura já fez questão de anoitecer.
Eu, nesse novo, quero saber Amar, no avesso de minha imperfeição. E você, querido amigo: qual é o verbo que merece sua letra maiúscula?
Santo fevereiro,
A redação.

