Catequese: Dogmas Marianos
Artigo

Catequese: Os Dogmas Marianos

Esse texto faz parte da nossa série de artigos catequéticos que serão publicados todas às quartas do mês de Maio sobre Maria.

O que São Dogmas?

São verdades de fé declaradas por um Concílio ou por um Papa, que o fiel acolhe e, crendo, professa. Não é imposição da Igreja, mas são esclarecimentos estudados e analisados sobre um assunto que nem sempre é fácil compreender, devido a verdades complexas que fazem parte da revelação divina. Em geral, recorre-se aos conceitos filosóficos e jurídicos, uma vez que há inúmeras heresias[1] que explicam, com julgamentos opinativos desvirtuados, assemelhados a tal verdade de fé, mas que não condizem verdadeiramente com o pensamento eclesial (da Igreja).

O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou quando propõem de modo definitivo, verdades que tenham com elas um nexo necessário. A interligação e a coerência dos dogmas podem encontrar-se no conjunto da revelação do mistério de Cristo. (Catecismo da Igreja Católica, p. 88 e 90)

Após declarar o dogma (do grego: decisão), se manifesta publicamente o que é professado pela Igreja. Quando é questionada, responde sem divagações estéreis, a partir do senso comum; mas recorre àquilo que já foi decidido há séculos: “Antes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência.” (Pd 3,15-16).

Durante esta história de constantes encalços: mentiras, difamações, perseguições, atentados, guerras… sem fraquejar a Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, tomou decisões, depois de prolongadas consultas – até mesmo durante séculos – para salvaguardar o tesouro da Fé. Há cerca de 44 dogmas atuais para dar testemunho ao mundo, a quem servimos. São subdivididos em 8 categorias diferentes (hierarquia das verdades)[2] – sobre Deus; sobre Jesus Cristo; sobre a criação do mundo; sobre o ser humano; sobre o Papa e a Igreja; sobre os sacramentos; sobre as últimas coisas; sobre Maria.

Assim, um dogma quando proclamado, utiliza a linguagem e visão de mundo próprias de sua época e contexto histórico, a fim de que seus contemporâneos entendam o que professam. A formulação dogmática do cristianismo, após os primeiros padres da Igreja – apostólicos[3] e apologetas[4] – necessitou de literaturas em defesa da fé, ao passo que o século III presenciou já o nascimento de uma ciência teológica. Nos séculos que se seguiram à conversão do mundo antigo, foi definida com precisão a doutrina acerca de verdades fundamentais cristãs. Formulou-se a doutrina dogmática sobre a Santíssima Trindade, o Mistério de Cristo e a Graça. Era essencial, devido à expansão geográfica do cristianismo (ultrapassando os limites urbanos, a evangelização atinge os camponeses), para esclarecer, de forma precisa, qual era a fé da Igreja em meio a tantas literaturas individuais que tentavam explicar a revelação divina.

Por exemplo, uma heresia, o Macedonismo:  Macedônio, bispo de Constantinopla, defendia que o Espírito Santo não era Deus, mas mera criatura do Pai. Ela foi condenada no Concílio de Constantinopla II (381), que ensinou ser o Espírito Santo uma Pessoa divina. “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano). Assim, já sabemos a definição de dogma, e que se proclama num Concílio[5]. Necessário é também encontrar um texto bíblico como fonte para solidificar o dogma.

O que são Dogmas Marianos?

As verdades sobre a maternidade divina, a virgindade, a Imaculada conceição e Assunção não são a palavra inicial nem a palavra final, pois não podemos desconsiderar a vivência primeira de Maria de Nazaré, sua existência humana. Compreendamos que os dogmas “mariais” já faziam parte da história da Salvação, estavam nos planos de Deus antes de toda a criação; depois, em gérmen (origem), nas narrativas do Novo Testamento, e desenvolvida na Tradição Eclesial.

É importante ressaltar a maneira na qual dirigimos nosso culto a Maria, para não sucatear ou omitir a nossa fé. Quem nunca foi questionado: “Os católicos adoram Maria como Deus?”. Esclareçamos: há uma diferença na forma dos cultos, uma delas é a dulia (grego: δουλεια, “douleuo”), que significa honra e culto de veneração devotado aos santos como amigos de Deus. É comprovação no exercício das virtudes cristãs da Igreja; convite a seguir a vida do santo. O Patriarca São José é considerado o primeiro dos santos, sendo ensinado o culto de protodulia. São José tornou-se patrono universal da Igreja, proclamado como tal pelo Papa Pio IX em 1870.

A latria (grego: λατρειαlatreuo“) é o culto que se deve somente a Deus, e consiste em reconhecer nele a divindade, prestando uma homenagem absoluta e suprema, como criador e redentor dos homens. Ou seja, admiti-lo como o Senhor de todas as coisas e criador de todos nós: “Tu adorarás o teu Deus” (Mt 4, 10). “Abraão, levantando os olhos, viu três varões em pé, junto a ele. Tanto que ele os viu, correu da porta da tenda a recebê-los e prostrando em terra os adorou” (Gn. 18,2).

Culto de hiperdulia (grego: υπερδουλεια hyper, acima de; douleuo, honra) é acima do culto de honra, sem atingir o culto de adoração. É o culto especial devido a Maria Santíssima como Mãe de Deus, ou em seus diversos títulos e aparições. Portanto, veneração não deve ser confundida com idolatria, não no sentido da palavra e muito menos da prática. Mais um ponto importante é que não se devem misturar os exercícios de piedade popular com a Doutrina oficial da Santa Igreja Católica; e a reta observação da doutrina, não implica em desrespeitar Nossa Senhora[6].

Quais são os Dogmas Marianos?

Vários padres da Igreja (apostólicos e apologistas, tal supracitado) já se referiam a Maria como Mater Dei (em latim), Mãe de Deus. Assim foi o caso de Inácio (ano 107), Orígenes (254), Atanásio (330) e João Crisóstomo (400). Os católicos recorrem à Maria, durante a história, como Mãe de Deus e mãe dos cristãos. Surge uma pergunta: é possível uma criatura ser mãe do Criador? Encontro uma primeira resposta em Marcos, que chama Jesus “Filho de Maria” (Mc 6,3); Mateus, referindo-se à origem de Jesus, chama-a de “Maria, sua mãe” (Mt 1,18); em Lucas, o anjo anuncia a futura mãe de Jesus (Lc 1, 26-38); e em João, é citada a “mãe de Jesus” (Jo 2,1).

Em luta contra a heresia nestoriana: narra que Jesus tinha duas naturezas: uma humana[7] e outra divina – até aqui é profissão de nossa fé – mas que Maria seria apenas mãe de Cristo como homem. Assim Orígenes (254), Atanásio (330) e João Crisóstomo (400) atribuem a Maria o título de Theotókos (em grego): parturiente de Deus ou Mãe de Deus. Uma oração do século III começa assim: “Sob a tua proteção nos refugiamos ó Theotókos”. É definido no Concílio de Éfeso, em 431, a Maternidade Divina: pois Jesus é verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus[8]. Maria é mãe de Deus feito homem (Jesus) logo, Maria é Mãe de Deus.

A Virgindade Perpétua é professada pela Igreja: antes, durante e depois do parto. Pergunta: Como é possível engravidar sem a relação sexual? Algumas tendências gnósticas[9] dentro do cristianismo achavam que Jesus era filho de José. Os evangelhos de Mateus e Lucas narram que a concepção de Jesus aconteceu por obra do Espírito Santo, sem a participação de um homem (concepção virginal), como na profecia de Isaías: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho que se chamará Emanuel” (Is 7,14).  Maria fez posteriormente a opção de se manter virgem (virgindade perpétua), e é favorecida com o milagre no momento do nascimento de Jesus (virgindade no parto), pois o nascimento de Cristo “não diminuiu, antes consagrou a
integridade virginal” da sua Mãe. (LG[10] 57)

A Igreja afirma: “Real e perpétua virgindade mesmo no ato de dar à luz o Filho de Deus feito homem”[11]. Assim é com, a proclamação do Dogma no II Concílio de Constantinopla (553), sob o papado de Virgílio (537 a 555), condenado três autores do século V: Teodoro de Mopsuéstia, Teodoreto de Ciro e Ilbas de Edessa, que negavam os títulos de Mão de Deus e Maria Santíssima (sempre virgem: áeiparthénos). Por fim:

“O olhar da fé pode descobrir, em ligação com o conjunto da Revelação, as razões misteriosas pelas quais Deus, no seu desígnio salvífico, quis que o seu Filho nascesse duma virgem. Tais razões dizem respeito tanto à pessoa e missão redentora de Cristo como ao acolhimento dessa missão por Maria, para bem de todos os homens”. (CIC[12] 502)

E ainda: “Jesus, o novo Adão, inaugura, pela sua conceição virginal, o novo nascimento dos filhos de adopção, no Espírito Santo, pela fé, “Como será isso?” (Lc 1, 34). A participação na vida divina não procede “do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (Jo 1, 13)”. (CIC 505)

Apresentamos um dos argumentos bíblicos que certificam a compreensão de que Maria não teve mais filhos. Quando a Sagrada Escritura cita os “irmãos de Jesus”, Santo Agostinho e Epifânio, nos séculos IV e V, defendem que estes são primos de Jesus. Eles aproximam o texto de Mc 15,40, onde cita a mãe de Tiago e João longe da cruz, com Jo 19,25, que lembra a presença junto à cruz de uma irmã de Maria. Agostinho considera que a mãe de Tiago e João, conforme Marcos, é a irmã de Maria citada por João. Ou seja: Tiago e João, chamados “irmãos de Jesus”, são filhos da irmã de Maria. Logo, primos consanguíneos de Jesus.

O Dogma da Imaculada Conceição, por sua vez, proclama que Maria foi totalmente isenta de pecado e plena de graça quando concebida por seus pais, Santa Ana e São Joaquim. Com este dogma aprendemos que há intervenção direta de Deus no mundo ao preservar a Mãe do Salvador do pecado original, desde o primeiro momento de sua existência: “O anjo entrou onde ela estava e disse: Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo” (Lc 1,28). Deus mesmo saúda Maria sempre cheia (plena) da graça divina[13]: kecaritwmene, através do Anjo Gabriel.

“(…) para que não perecesse o homem impelido pela culpa da astúcia da maldade diabólica e para que o que fez cair o primeiro Adão fosse restaurado mais felizmente posteriormente, chamada e escolhida, desde o principio e antes dos tempos, uma Mãe, para que seu Filho Unigênito, feito sua carne, nascesse na feliz plenitude dos tempos, em tanto querer a amou acima de todas as criaturas, que somente nela se encontrou sua grande benevolência”. Inefabilis Deus, 4

Acrescenta a este argumento bíblico o verso de Cântico dos Cânticos: “Tu és formosa, meu amor, não há mancha em ti” (4,7). Para indicar que Jesus foi concebido no ventre puro de Maria: “Farás uma arca de madeira de acácia, com cento e vinte e cinco centímetros de comprimento, por setenta e cinco de largura e setenta e cinco de altura. Revestirás a arca de ouro puro, por dentro e por fora. Em volta porás uma moldura de ouro”. Ainda: “Assim fiz uma arca de madeira incorruptível” (Dt 10,3). Sabemos que Maria é a “Arca da Nova Aliança” (Ap 11,19).

Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio X em 1854, através da Constituição Inefabilis Deus, promulgado em 08 de dezembro de 1854. Nesse dia, 08 de dezembro, é celebrada a festa da Imaculada Conceição, que já tinha sido definida inicialmente pelo Papa Sisto IV, em 1476.

“Antiga, por certo, é a piedade dos fiéis cristãos para com a santíssima Mãe Virgem Maria, que sentem que sua alma, no primeiro instante de sua criação e infusão no corpo, foi preservada imune da mancha do pecado original, por singular graça e privilégio de Deus, na atenção aos méritos de seu Filho Jesus Cristo, redentor do gênero humano e que, neste sentido, veneram e celebram com solene cerimônia a festa de sua Concepção”. (Const. “Sollicitudo omnium Ecclesiarum”, 8 de dezembro de 1661).

Assim, para entender o dogma ressaltamos o que, de fato, é o pecado original: há uma força negativa (Concupiscência, para Santo Agostinho) que atinge o ser humano na sua constituição mais profunda. Não é simplesmente uma mancha, algo externo. Previamente à decisão livre, que pode ser orientada para o bem e para o mal. Manifesta-se como uma situação de não salvação, de escravidão, de tendência para o pecado. Esta fraqueza e inclinação é um condicionamento negativo em conexão com toda a comunidade humana no correr da história. Assim precisamos da graça de Cristo, que cura, eleva e orienta para Deus, retomando sua plena relação com a humanidade: Ele nos salva de algo (do pecado e dos males) para algo (seguir a Jesus para que, íntimos dele, alcancemos o céu).

Não por acaso pouco tempo depois desta proclamação, em 1858, Nossa Senhora apareceria a uma jovem camponesa de Lourdes, na França, dizendo ser a “Imaculada Conceição”. Maria assim recebe o dom pleno da graça; com liberdade para acolher a proposta divina, nela não se encontra competição com Deus. É mais do que optar por Deus ou através do livre-arbítrio fazer uma escolha por Ele. Essa “liberdade” é a mesmo tempo dom, recebido gratuitamente de Deus, e conquista, cultivada dia a dia, confirmada em cada opção, a ponto fazer do projeto de vida (grego: rema) de Deus, o seu.

Não esteve protegida das crises e dificuldades, pois bem conhecemos as narrativas dos Evangelhos; ainda assim seu caminho de Santidade se torna diferente do nosso (converter-se: abandonar o mal para o bem). Ela trilha os caminhos do Senhor do Bem, para alcançar um Bem maior. Aqui ela altera o conceito de privilégio: alguém com poder, fama ou inteligência tende a distanciar-se dos outros e subestimá-los. Maria ensina que tudo o que recebemos de Deus se destina a ampliar a rede do Bem, colocar-se a serviço do Reino de Deus: “Maria ficou três meses com Isabel. Depois, voltou para sua casa” (Lc 1,56). Vai até sua prima para contar a Boa Nova recebida e ajudar Isabel na sua gravidez.

Enfim, o dogma da Assunção de Maria. A Igreja professa com esta bela verdade de fé que o céu é nosso lugar glorioso, no qual Deus nos espera e glorifica-nos pela fé que vivemos.  Ela já era tratada desde os séculos V e VI, quando havia uma celebração denominada de “dormição de Maria”. Desse modo, Deus não permitiu que o corpo em que seu Filho foi gerado, fosse corrompido pela natureza humana, ou seja, “a vitória sobre o pecado tem como consequência a vitória sobre a morte, que é o salário do pecado” (Rm 6,23).

“Finalmente, a Virgem Imaculada, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e exaltada pelo Senhor como rainha, para assim se conformar mais plenamente com o seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte”. (CIC, 966)

No quarto Evangelho, na cena da cruz, é enfatizado um sentido teológico (como vimos na explicação sobre sua Virgindade) e outro histórico, onde Maria é adotada pela comunidade cristã (Jo,27), nascida do lado aberto de Jesus. Lucas narra que ela estava junto com o grupo que se preparava para a vinda do Espírito Santo (At 1,13 e 2,1). Sua presença é como mãe e discípula após a Ascenção de seu Filho ao céu. Um monge oriental, Epifânio (sec. VIII), afirma que ela residia em Jerusalém, na casa de João, no monte Sião, numa comunidade com outras pessoas (cf. vida de Maria, art. 26). Outras tradições declaram que Maria viveu em Éfeso, com João, após o cerco da destruição em Jerusalém.

Alguns teólogos ainda citam outros textos da Sagrada Escritura para fundamentar esta proclamação da fé. “Erguei-vos, Senhor, para o vosso repouso, vós e a Arca de vossa santificação” (Sl 131, 8). Descrevem a entrada triunfal da Rainha na corte celeste, e como vai sentar à direita do Divino Redentor (Sl 44,10.14-16). Recordam a esposa dos cantares “que sobe pelo deserto, como uma coluna de mirra e incenso”, para ser coroada (Ct3,6; 4,8 e 6,9). Ambas citações apresentam a imagem daquela rainha e Esposa celestial, que sobe ao céu com o seu Divino Esposo.

Os padres da Igreja já apresentavam argumentos substanciosos a respeito da coroação da vida de Maria, glorificada pelo Pai através de sua Gloriosa Assunção.

“Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mesmo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que morasse no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imune no parto, contemplasse assentada à direita do Pai.” (João Damasceno, Encomium in Dormitionem Dei Genetricis semperque Virginis Mariae, hom. II, 14)

Por fim, essa doutrina foi definida dogmaticamente pelo Papa Pio XII na Constituição Munificentissimus Deus, em 1º de novembro de 1950, no pós-segunda guerra mundial. É uma luz neste tempo, ressaltando a santidade de vida e a dignidade do corpo como templo do Espírito Santo, lembrando sua designação à Ressurreição.

“Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do Espírito da Verdade, para glória de Deus onipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma à glória do céu.” (Munificentissimus Deu, 44).

 Assim Ela, que não conheceu a corrupção do pecado, não havia de conhecer a corrupção do sepulcro. Pois sabemos que as leis da natureza não podem limitar o poder e a vontade Divina. Habitando o Salvador em seu ventre, não é acorrentada pela morte, e alcança plenamente a promessa da glória do céu, sendo assunta em corpo e alma.

Padre Ivan Soares

Diretor Espiritual do Secretariado de Itapetininga

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*Padre Ivan Soares é presbítero da Diocese de Itapetininga, sendo diretor espiritual do Movimento de Emaús, neste mesmo território eclesiástico.

[1] Do latim haerĕsis, por sua vez do grego αἵρεσις, “escolha” ou “opção”. É a doutrina ou linha de pensamento contrária ou diferente de um credo cristão (ou sistema de um ou mais credos religiosos). Deturpação do que é declarado como ortodoxia da fé católica. A quem funda uma heresia dá-se o nome de herege.

[2] Catecismo da Igreja Católica, 90

[3] São cristãos leigos, sacerdotes, judeus cristãos, Bispos e outros responsáveis por escolas catequéticas (no século I) na qual por cartas e homilias com caráter pastoral e litúrgico instruem a suas comunidades. Exorta à unidade, organização da Igreja, a conversão, penitencia e até o martírio.

[4] Já possuem um caráter mais defensivo da fé (no século II), diante dos adversários: judeus e pagãos heréticos, arianos e gnósticos que estão na Igreja acusando-a: incesto, ritos antropofágicos, crer na ressurreição de Cristo. Temas dos escritos em geral: cristológicos no intuito de formulação da doutrina diante das várias teorias.

[5] Um Concílio Geral consiste numa reunião formal de representantes da Igreja, junto com o Papa (mas nem sempre), para tomar decisões dogmáticas e pastorais, que possam ajudar no crescimento da Igreja, na eliminação dos erros e na difusão das verdades da fé. Em dois mil anos de existência, a Igreja reconhece 21 Concílios Gerais e ainda acrescenta o chamado “Concílio de Jerusalém”, reunião narrada nos Atos dos Apóstolos (At 15,1-40), como parte da Tradição da Igreja e dos seus ensinamentos.

[6] Fonte: abiblia.org.

[7] Concílio de Nicéia, 325.

[8] Concílio de Calcedônia, em 451.

[9] O termo “gnóstico” adquiriu sentido pejorativo quando foi aplicado pelos Padres da Igreja a certos hereges que tiveram notável relevo entre os séculos II e IV. O primeiro em designá-los assim foi são Irineu, que vê a sua origem na heresia de Simão o samaritano (Atos 9, 9-24), e diz que os seguidores desse herege se propagaram pela Alexandria, Ásia Menor e Roma dando lugar a “uma multidão de gnósticos que emergem do solo como se fossem fungos” (Adversus Haereses,I, 29.1). Ensinavam O Deus verdadeiro, segundo eles, não era o Criador do Antigo Testamento; distinguiam diversos Cristos entre os seres do mundo celeste (éons). Esses gnósticos valencianos julgavam que a salvação era obtida pelo conhecimento de si mesmo, como uma centelha de luz divina contida na matéria; julgavam, ainda, que a redenção de Cristo consiste em despertar-nos para esse conhecimento; e que apenas os homens espirituais (pneumatikoi) estão destinados à salvação. Isto é um erro, pois a Igreja considera a fé como ponto de partida para a Salvação.

[10] Lumen Gentium.

[11] Catecismo da Igreja Católica, 499.

[12] Catecismo da Igreja Católica.

[13] Por isso, São Jerônimo conhecedor do grego, traduziu o termo “kekharitômenê” por “Gratia Plena “, “plena de graça” em latim.

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