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Catequese: A Espiritualidade dos Cantores e de todos os membros do Movimento a partir da música dele

Esse texto faz parte da nossa série de artigos catequéticos que serão publicados todas às quartas do mês de Junho sobre João Batista e a música no movimento de Emaús.

Falar da espiritualidade dos cantores e dos membros do movimento é, sobretudo, falar do Amor. Do imenso amor de Deus por nós, a ponto de dar seu Filho Unigênito para nos salvar, e do quanto devemos retribuir a este Amor. (Jo 3,16)

Vamos lembrar um pouco da nossa história no Emaús:  uma palestra que nos tocou, um momento do curso que ficou marcado, uma aula da escola missionária; as pessoas, os amigos, as amizades, o carinho trocado; os padres, o Caminho (de Emaús) com a Verdade e a Vida: Jesus.  Quanta descoberta, e quanto ainda por descobrir.  Em seu evangelho, vemos que amar é dar a vida.  “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos.” (Jo 15,13) Jesus falava de si mesmo, e ao mesmo tempo nos dava um ensinamento importante.  É como diz a música:  “Amar, Amar … e a própria vida dar”.  Foi o que fizeram todos os santos da Igreja, dando sua vida por amor a Ele. Santo, é aquele que ama tanto a Deus, que ao seguir como modelo o nosso Mestre, vai se configurando cada vez mais a Ele, e doa tão inteiramente sua vida, que de repente percebe como São Paulo:  “Já não sou eu quem vivo, é Cristo que vive em mim.” (Gal 2,20)

Alguns dos nossos – de Emaús – já deram suas vidas: Padre Calazans, Dom Amaury Castanho, Padre Ricardo Dias Neto, Padre Bianchinni, Marcelo Câmara, e tantos outros jovens e adultos do Movimento, amigos queridos de caminhada que poderíamos elencar aqui. Lembremos e rezemos por eles, pedindo a sua intercessão por nós, que continuamos na caminhada. É preciso coragem e confiança para perseverar. Sabemos que às vezes não é fácil, e que é preciso sermos “suporte” uns para os outros. Como diz a música “NOSSA VEZ”, “Agora é a nossa vez de levar pro mundo a Luz”.  Esse legado de amor que recebemos, veio de pessoas a quem prezamos muito, altamente competentes, e intensamente comprometidas.  Se não bastasse os que já citamos, temos também que lembrar dos orientadores espirituais dos nossos secretariados, que nos ajudam e nos orientam “no Rumo Certo a seguir” como está na música “É O MESTRE”, padre Ricardo de Oliveira, nosso orientador espiritual regional; padre Ignácio, nosso orientador nacional, Dom Eduardo, nosso querido Bispo, Presidente do Conselho Nacional, e como não lembrar também dos nossos queridos papas.  Muito da nossa espiritualidade, veio e vem através deles, os padres.  Demos graças a Deus!

Certa vez, um jovem aqui de São Paulo homenageou o padre Calazans, com a música “PADRE, MEU AMIGO”, dizendo: “Você me mostrou este caminho, e um mundo novo me ofertou. Ao falar daquele peregrino, que em nome do Amor se entregou.  Sua vida é um hino de esperança, que acalenta o meu coração.  Padre meu amigo, obrigado, pelo amor que trouxe esta canção.” … Eu gostaria de estender a todos os padres esta homenagem, porque é graças a eles e à ação do Espírito Santo, que o amor de Deus se perpetua.  É transmitido assim, de pessoa a pessoa.

Nossa espiritualidade tem fundamento.  Não é fantasia.  Vamos visualizar Jesus andando sobre as águas (Mt 14,25-33 / Mc 6,45-51 / Jo 6,16-21) … Não é balela.  Ele andou mesmo sobre as águas, como está na BíbliaOs apóstolos estavam lá. Eles viram e gritaram:  “É um fantasma!”.  Não era um fantasma.  Era o próprio Amor em Pessoa:  “Não temais, sou eu!”.  O mestre, a quem “até os ventos e o mar obedecem.” (Mc 4,41 / Mt 8,26 / Lc 8,24) Em última instância, é por Cristo, com Cristo e em Cristo que nos vem a Fé, a mesma que deu aos apóstolos – “Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14,6) – ou seja, o nosso vínculo com Ele e, por consequência, a nossa espiritualidade, o desejo da nossa alma por estar com Deus. “Inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti.” (Santo Agostinho)

O compositor de Emaús tem que estar afinado com Deus.  A vontade de compor para Deus deve levá-lo a querer mais, a ter sede de Deus.  Procure ir se aproximando mais e mais de Deus, seja na oração, nos textos sagrados, lendo bons livros, ouvindo músicas que edifiquem a alma; medite as letras, sinta as melodias, se admire.  É fácil se emocionar com tanta e tão grande beleza.  Sempre rezando e pedindo, com humildade, amor e fé.  “Não somos dignos sequer de Lhe desatar a correia da sandália” (Jo 1,27).  Mas com muito amor e fé, poderemos nos lançar em suas mãos, para que Ele faça de nós seus instrumentos.  Se for de Sua vontade, Ele irá nos inspirar, para sermos mais uma vez como São João Batista, “a voz que clama no deserto” (Jo 1,23); as maravilhas de Deus com a “nossa” canção.

Outro bom caminho para se inspirar é pedir a intercessão de Nossa Senhora (ela encurta o caminho até Jesus), e pedir a ajuda dos Santos, afinal, como eles, queremos dar Graças, Louvar e Glorificar a Deus.  Um texto do antigo convento de São Damião, em Assis, onde Santa Clara cantava o Ofício Divino com suas irmãs, diz:  “Não a voz e sim a vontade.  Não o som e sim o amor.  Não as cordas e sim o coração, produzem o louvor que ouvido de Deus escuta… Que a língua sintonize com a alma, e a alma se harmonize com Deus”.   Esta é a espiritualidade ideal.

A música de Emaús, com plena certeza, influi e aguça a espiritualidade da comunidade, fazendo-a crescer na fé, no amor, na oração.  Nossas belas canções remexem e permeiam os sentimentos de todos. Trazem-nos alegria, descontração, leveza, amizade, gratidão, introspecção, meditação, e dignificam ainda mais o nosso louvor e adoração.  Com elas, conseguimos mais facilmente entender e assimilar as escrituras, e “Buscar o Alto”: conhecer mais de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos, dos Mistérios, dos Milagres, dos Anjos, dos Ritos. Às vezes nos fazem chorar, mas ainda assim, são um conforto para a alma, um consolo quando o coração está apertado.  São capazes de nos trazer a paz, a presença de Deus e a proximidade das pessoas que amamos.

Como São João Batista, sabemos que “não somos a luz, mas aqui estamos para dar testemunho da luz”. (Jo 1,28).  Caminhamos com Ele no caminho de Emaús.  Ele é o nosso maior amigo, e Senhor de nossas vidas.  “Nós vimos e damos testemunho de que Ele é o Filho de Deus.” (Jo 1,34)

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Luizinho Hernández

Vice-Presidente e Coordenador de Cantores do Secretariado de São Paulo
Especial para este site

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