Artigo

Catequese: A Identidade Musical do Movimento de Emaús

Esse texto faz parte da nossa série de artigos catequéticos que serão publicados todas às quartas do mês de Junho sobre João Batista e a música no movimento de Emaús.

“É necessário que Ele cresça, e eu diminua”. (Jo 3,30)

A música tem um chamado forte que traz a atenção para si.  Especialmente no Movimento de Emaús ela tem o objetivo de cativar os jovens para Deus e para as coisas de Deus.  Falando de forma geral, eu diria que a Identidade Musical do Movimento de Emaús está na qualidade, ou seja, no “fazer bem feito”.  Melodias muito lindas, de bom gosto, letras inspiradíssimas, belas mensagens cheias de poesia.  A música de Emaús chama a atenção pela beleza.  E será mais bela, quanto mais for sentida através dela, a presença de Deus.

Também faz parte dessa Identidade Musical do Movimento de Emaús os cantores, com uma boa orientação dos sacerdotes, saberem colocar bem cada música no seu devido momento; especialmente no tocante à Música Sacra, aquelas que dão ênfase à sacralidade, que remetem ao sagrado, entre elas: a Música Litúrgica, os Cantos Gregorianos e os Cantos Polifônicos, servindo bem ao seu propósito de aproximar as pessoas de Deus, principalmente na missa.  São Pio X, no documento “Tra le sollecitudini” (Entre as preocupações) de 1903, a respeito da música litúrgica, dizia: “Nada deve acontecer no templo, que perturbe ou sequer diminua a devoção dos fiéis.  Nada que dê justificado motivo para desgosto ou escândalo, nada sobretudo, que diretamente ofenda o decoro e a santidade das sacras funções, e seja por isso indigno da casa de orações, e da Majestade de Deus.”   A música Sacra será mais santa, quanto mais ligada à ação Litúrgica.  E a ação Litúrgica tem maior relevância quando os ritos tem cantos que contam com a PARTICIPAÇÃO DO POVO.  É importante o povo participar; mas é importante também os cantores saberem não exagerar no volume de voz e instrumentos, na percussão, pois há momentos em que é melhor um “cajón” tocado mais baixinho, que uma bateria querendo aparecer; há outros em que é melhor só o violão, ou o violão e um violino ou uma flauta, e há, ainda, os momentos festivos em que a bateria é bem-vinda, e os jovens podem e devem trazem à tona a sua descontração, e cativar outros jovens justamente pela sua alegria.

Além dos momentos da missa, temos no nosso Movimento músicas lindas para os mais diversos momentos:  Músicas Festivas, de Louvor, Adoração, Meditação, de Natal, e as dedicadas à Nossa Senhora e ao Espírito Santo, entre outras.  O importante é saber dosar as vozes e instrumentos na hora de tocar e cantar, para não sermos nós – os cantores – a estragar o objetivo a que se pretende: levarmos as pessoas a Deus, e ajudarmos a sentir a presença d´Ele.  Monsenhor Bianchinni (de Florianópolis), já falecido, dizia:  “Quando os cantores começam a querer aparecer demais, o Cristo começa a sumir.”  Foi o jeito dele de nos lembrar a mensagem de São João Batista:  “É necessário que Ele cresça, e eu diminua”. (Jo 3,30)

Vale a pena nos apurarmos nos ensaios, na técnica instrumental, nos vocais para que Cristo apareça da maneira mais bela que pudermos retratá-lo.  Já vi algumas vezes, pessoas caírem de joelhos e chorarem de emoção, tocados pela música.  Temos de lembrar o que disse São João Batista – e faz parte da nossa missão – “preparar o caminho do Senhor, endireitar as suas veredas” (Mt 3,3); ou seja: fazer da nossa música quase que um chamado, um convite da parte de Deus para que, aquele irmão/irmã que está afastado(a), venha e abra o seu coração.  O Senhor quer estar junto principalmente dos corações que sofrem perdas, desilusões, solidão, angústia, medo, culpa, desamor… e ainda mais agora, nestes tempos de pandemia, como diz o Papa Francisco em sua oração “por aqueles que choram por seus familiares mortos, e por vezes, sepultados de uma maneira que fere a alma”.

Que a nossa música possa confortar os corações. Que tenhamos consciência de sermos instrumentos dóceis, fiéis e dignos nas mãos do Senhor; como inspira Santa (madre) Tereza de Calcutá:  “Frequentemente me sinto como um lápis nas mãos de Deus.  Ele escreve.  Ele faz os movimentos.  Eu só tenho que ser o lápis.” … ou ainda como entoa a nossa música “Hoje”: “a entrega total, de um penitente, a um Deus Imortal”.

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Luizinho Hernández

Vice-Presidente e Coordenador de Cantores do Secretariado de São Paulo
Especial para este site

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