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Artigo

Oitavas de Páscoa: devemos ser a Luz de Cristo

Estamos vivendo as alegrias de nossa Fé: por Deus ter se manifestado plenamente em seu Filho feito homem, vencendo a morte e ressurgindo para uma nova vida. Por isso o júbilo da Ressurreição é tão grande e profundo que merece ser prolongado durante oito dias, para simbolizar ao máximo a sua extraordinária sublimidade!

Dizem as “Normas Universais do Ano Litúrgico” que “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (n. 22).[1]

Liturgicamente, a Oitava de Páscoa é a primeira semana do Tempo Pascal[2], dentro do período de 50 dias para a celebração de Pentecostes, a partir do Domingo da Ressurreição (ápice e centro de nossa fé). Como São Paulo aconselha a comunidade de Corinto: “se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé“ 1Cor 14,15!

A Igreja nos apresenta o que testifica esta verdade de nossa Fé: o testemunho dos discípulos ao verem Jesus em Seu Corpo Glorioso. Este foco é tão relevante que até a primeira leitura, normalmente do Antigo Testamento, é substituída por uma leitura dos Atos dos Apóstolos. Apesar da compilação, estar dividido nos capítulos dos Evangelhos e Cartas as aparições de Jesus, ele se apresenta progressivamente aos apóstolos. Na Bíblia lemos os relatos dos fatos. Assim, a liturgia quer nos revelar este mistério que é Eterno desde a criação do mundo e da humanidade.

O segundo Domingo de Páscoa também é chamado Domingo da Divina Misericórdia, enfatizando-se ainda mais o vínculo indissociável entre a Paixão, a Ressurreição e a nossa redenção, segundo a disposição de São João Paulo II[3] durante seu pontificado, depois da canonização da sua compatriota Faustina Kowalska.

Assim durante a festa da Páscoa O Círio Pascal[4] estará aceso por 40 dias, lembrando-nos que a grande vela acesa simboliza o Senhor Ressuscitado. É o símbolo mais destacado do Tempo Pascal. A palavra “círio” vem do latim  “cereus”, de cera. O produto das abelhas. O círio mais importante é o que é aceso na vigília Pascal como símbolo de Cristo – Luz, e ficará aceso na Oitava da Páscoa e em todas as celebrações durante as sete semanas do Tempo Pascal, ao lado do ambão da Palavra, até a tarde do domingo de Pentecostes. Uma vez concluído o tempo Pascal, convém que o Círio seja dignamente conservado no batistério.

O Círio Pascal também é usado durante os batismos e as exéquias, quer dizer, no princípio e o término da vida temporal, para simbolizar que um cristão participa da luz de Cristo ao longo de todo seu caminho terreno, como garantia de sua incorporação definitiva à Luz da vida eterna. Ele é apagado, e este sinal sagrado é retirado do lado do ambão, significando assim que: uma vez educados na Escola Pascal do mestre Ressuscitado e cheios do fogo dos dons do Espírito Santo, agora devemos ser, nós, “Luz de Cristo”.

Padre Ivan Soares

Diretor Espiritual do Secretariado de Itapetininga

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[1] INSTRUÇÃO GERAL DO MISSAL ROMANO

[2] Ela termina com o domingo da oitava, chamado “in albis”, porque, neste dia, os recém-batizados tiravam as vestes brancas recebidas no dia do batismo. Esse é o Tempo Litúrgico mais forte de todo o ano. É a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa.

[3] O decreto foi emitido no dia 23 de maio do 2000 pela Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, detalhando que esta seria comemorada no segundo domingo de Páscoa. A denominação oficial deste dia litúrgico será “segundo domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia”.

[4] O Círio Pascal é já, desde os primeiros séculos, um dos símbolos mais expressivos da vigília, por isso ele traz uma inscrição em forma de cruz, acompanhada da data do ano e das letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, para indicar que a Páscoa do Senhor Jesus, princípio e fim do tempo e da eternidade, nos alcançam com força sempre nova no ano concreto em que vivemos. O Círio Pascal tem em sua cera, incrustado cinco cravos de incenso simbolizando as cinco chagas santas e gloriosas do Senhor da Cruz.