Artigo

Catequese: Nosso coração arde: um anúncio de alegria e esperança

Esse texto faz parte da nossa série de artigos catequéticos que serão publicados todas às quartas do mês de Julho sobre a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.

Anunciar a Boa Nova é sempre motivo de grande alegria para o discípulo missionário, pois não existe nenhuma realidade maior, mais bela ou mais transformadora que a salvação trazida por Cristo, razão da nossa esperança. Quem descobre essa riqueza não se contenta em guardá-la para si, mas quer comunicá-la à toda criatura. De fato, se o coração dos discípulos de Emaús ardia ao ouvirem a proclamação da Palavra de Deus, esse ardor tornou-se uma chama abrasadora após a participação na mesa eucarística e os impulsionou a voltar, às pressas, para anunciar o Cristo ressuscitado.

Mas, afinal, o que faz o nosso coração arder?

Certamente o que aquece o coração não é o acúmulo das tarefas que assumimos no nosso Movimento ou em outras pastorais da Igreja, cumprindo-os de forma burocrática, como “profissionais” do Reino de Deus. O trabalho na messe é constante, sim, mas precisa ser vivido com amor. Tornar-se “escravo do Senhor” é servir sempre com alegria, renovando o “sim” a cada dia.

Da mesma forma, não são os resultados do nosso trabalho que fazem arder o coração. Quem transforma a missão em negócio, esperando obter “dividendos” em forma de reconhecimento ou prestígio, vai logo decepcionar-se, pois “um é o que semeia, outro é o que ceifa” (Jo 4, 37). Como nos ensina o Papa Francisco: “Talvez o Senhor se sirva da nossa entrega para derramar bênçãos noutro lugar do mundo, aonde nunca iremos. O Espírito Santo trabalha como quer, quando quer e onde quer; e nós gastamo-nos com grande dedicação, mas sem pretender ver resultados espetaculares. Sabemos apenas que o dom de nós mesmos é necessário” (Evangelii Gaudium, 279).

Enfim, o que faz o nosso coração arder é a presença do Espírito Santo, que fez dele a Sua morada. Em outras palavras, o único “combustível” capaz de queimar nosso coração e impulsionar nossa missão é o Espírito Santo. Ele vem a nós gratuitamente, desde que estejamos dispostos a invocá-lo diariamente, renovando o dia do nosso batismo e o da nossa crisma. É, portanto, dom que não se compra, nem se faz por merecer, mas que se busca com humildade, por amor a Deus e aos irmãos.

Muitas forças são capazes de mover o ser humano: o ativismo ideológico, a solidariedade humana, o desejo de justiça…todas elas são imperfeitas e incapazes de satisfazer a alma, se não forem inspiradas e direcionadas pelo Espírito Santo. “Sei que nenhuma motivação será suficiente, se não arde nos corações o fogo do Espírito.” (EG 261).

Essa chama não é como uma vela que se acende durante a missa e depois se apaga. O missionário é evangelho vivo o tempo todo, dentro e fora do templo. É presença de Cristo na família, na escola, no trabalho, na roda de amigos, na sociedade, na política, no mundo. “É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG 273).

É bem verdade que, às vezes, o missionário se sente cansado, desgastado pelo trabalho contínuo da evangelização. Nessas horas, parece que a falta de operários sobrecarrega os poucos que de fato se comprometem com a missão. Aquele fogo que arde em nossos corações parece se deixar abafar pelo peso de tantas atividades e da rotina sem fim. Assim como o operário precisa de repouso, o missionário também necessita recarregar a energia, realimentar a chama para não a deixar esmorecer. Retirar-se do mundo e passar minutos, horas ou dias em oração, meditação e contemplação. Nunca devemos esquecer que “o Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza” (Romanos 8, 26).

Sigamos anunciando a alegria e a esperança que vivenciamos. A fonte da nossa alegria é muito maior e mais forte que qualquer sofrimento do tempo presente. A razão da nossa esperança supera qualquer desânimo, e é a resposta para todas as angústias do ser humano. O fogo do Espírito Santo, que arde em nossos corações, é antecipação da alegria definitiva do Céu.

Fica conosco, Senhor!

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Valeria e Marcelo Eira
Casal Presidente do Secretariado Nacional